quarta-feira, 11 de abril de 2012

Caixinha de confusões





«Não, eu não estou solteira. Estou num relacionamento de longa distância porque o meu namorado mora no futuro.»

Pequena pirolita,
estou cansado que me sufoques, que me abandones desta maneira. Para de pensar que tudo é impossível! A vida tem destas coisas, por isso é que eu sempre soube que crescer doí, e muito. Principalmente nesta tua fase da adolescência. É aqui onde tudo muda e se torna real. Eu sei que está a doer imenso, eu sei. Até a mim, que carrego com todas tuas mágoas. Mas faz parte de todo este ciclo de sentimentos e emoções. A vida é mesmo isso. Aprende que já passaste a fase da infância e que agora é tudo a valer. Tens quinze anos, princesa. Ainda és nova para te fechares dessa maneira. Eu sei que agora tudo é mais difícil, mais doloroso e ainda vais cair muitas vezes, mas acima de tudo vais-te levantar e pensar que já passou. Porque para nós vivermos temos que enfrentar as coisas de corpo e alma e aprender a sofrer. Temos que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Temos que aprender a ter coragem de olhar nos olhos de alguém que amamos e dizer uma coisa terrível, mas que tem de ser dita. Assim como saber ouvir coisas que nos destroem. Mas a vida é mesmo assim. Perdemos muita coisa, é verdade. Magoamo-nos, ficamos para trás e caímos. Dói, até demais, mas depois passa. Estás a ver esta dor que te atormenta e te aborrece, que trago dentro de mim? Ainda vais olhar para ela e rir-te da sua cara. E estou a ser mesmo sincero, acredita. Jamais de mentiria. Vai passar, só tens de acreditar. Porque o amor é mesmo isso. É aquele ardor, aquele medo que nos atormenta. É ficar inseguro e ter medo de perder a pessoa pelo qual eu bato, dia a dia. Ele ainda não se foi, pensa nisso. Pode estar tudo bem diferente, mas ele vai continuar a estar do teu lado e fazer-te sorrir. Pode ser diferente, mas o que importa é que está lá. Por isso tira proveito. E eu quero que me voltes a fazer bater daquela maneira, bem forte e cheia de vontade. Eu quero isso. Quero sentir de novo o cansaço de não aguentar mais. Quero alimentar-me mais uma vez. E não de esperanças malucas, isso não. E para de ouvir aquelas pessoas que só dizem «não sigas o teu coração, segue o que está na tua cabeça.» , porque na verdade sou eu que sinto, não essa caixinha de confusões.


Com muito carinho,
do teu coração.